No Rio Grande do Norte, o impacto da redução acarretou na desativação de 267 leitos em hospitais da capital e do interior.
Entre janeiro de 2010 e julho de 2013, quase 13 mil leitos do Sistema
Único de Saúde (SUS) foram desativados. O levantamento, baseado em
dados do Ministério da Saúde, foi feito pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM).
No Rio Grande do
Norte, o impacto da redução acarretou na desativação de 267 leitos em hospitais
da capital e do interior.
A psiquiatria, com 7.449 leitos a
menos, foi a especialidade com maior queda. Na pediatria houve redução
de 5.992; na obstetrícia, 3.431 e na cirurgia geral houve uma redução de
340 leitos. Em janeiro de 2010, o SUS tinha 361 mil leitos, em julho
deste ano, caiu para 348.303.
O Ministério da Saúde explicou, em nota, que houve queda de leitos
psiquiátricos em função de uma nova política, que não prioriza a
hospitalização de pacientes com agravos de psiquiatria. Porém, a
psiquiatra Fátima Vasconcelos avalia a política como "equivocada".
"Medicamentos novos permitem que os pacientes sejam tratados em casa,
mas há inúmeras condições que precisam de internação", disse Fátima. Na
opinião da especialista falta planejamento na área, o governo não
considerou os níveis de gravidade das doenças psiquiátricas.
Fátima diz que há ilhas de excelência em psiquiatria em hospitais
universitários, mas a realidade do serviço público mostra que existe uma
grande dificuldade de conseguir uma consulta. "Não existe esse
ambulatório tão bem ajeitado que evite internações. É um viés
ideológico. Achar que não existe doença psiquiátrica é uma insanidade",
disse Fátima.
No período do levantamento, nove estados apresentaram números
positivos no cálculo final de leitos ativados e desativados nos últimos
dois anos e meio: Rondônia (629), Rio Grande do Sul (351), Espírito
Santo (239), Santa Catarina (205), Mato Grosso (146), Distrito Federal
(123), Amapá (93), Roraima (24) e Tocantins (9).
Em números absolutos, os estados das regiões Sudeste e Nordeste foram
os que mais sofreram redução no período. Na avaliação do presidente do
CFM, Roberto d'Ávila, os dados revelam de forma contraditória o
favorecimento da esfera privada em detrimento da pública na prestação da
assistência à saúde.
No estado do Rio de Janeiro, 4.621 leitos foram desativados desde
2010. No Nordeste, a maior queda foi no Maranhão (-1.181). Entre as
capitais, o Rio de Janeiro foi a que mais perdeu leitos na rede pública
(-1.113), seguido por Fortaleza (-467) e Curitiba (-325).
Para o Ministério da Saúde, o CFM não considerou o contexto da
redução de leitos. A pasta informou em nota, que entre 2007 e 2013,
houve aumento de 63% no número de leitos de UTI no país, que passaram de
mais de 11,5 mil para 18,8 mil e são voltados para pacientes em estado
grave. A pasta também explica que houve ampliação nos programas de
vacinação, o que diminuiu o número de crianças internadas e,
consequentemente, a necessidade de leitos na área.
O Ministério da Saúde também destacou a criação do Programa Melhor em
Casa, que oferece atendimento domiciliar com equipe multidisciplinar e o
reforço na atenção básica e nas unidades de Pronto-Atendimento, ações
que, de acordo com a pasta, reduzem a necessidade de leitos para
internação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário