quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Bloco da Saúde Mental faz inclusão em carnaval no Tirol nessa sexta(28)


O Bloco "Saúde Mental: se integre a essa causa" desfila nas ruas do bairro do Tirol nessa sexta-feira(28)

a partir das 8h30. O bloco é composto por mais de 50 pacientes portadores de transtornos mentais e seus familiares que se concentrarão na frente Hospital Severino Lopes (Antiga Casa de Saúde de Natal) do lado da Rua Múcio Galvão e saem num percurso carnavalesco até a Praça Augusto Leite com retorno previsto à  instituição pela Av. Romualdo Galvão por volta das 10h. 

É o 5º ano consecutivo que os pacientes caem na folia em um grito de carnaval pela inclusão. 
Numa parceria de três anos com a bateria da Escola de Samba Unidos de Ceará Mirim a folia promete ser bem animada com muita alegria e samba no pé.

Além de promover a inclusão e dizer não ao preconceito, o bloco de carnaval busca incentivar a inserção dos pacientes no contexto social e chamar a atenção da sociedade para a importância de dar mais atenção a problemática da saúde mental. 

O carnaval do Hospital Severino é um dos eventos mais aguardados pelos usuários do hospital que vem participando de oficinas de confecção de máscaras e adereços coordenados pelo setor de terapia ocupacional e psicologia. Alguns pacientes, como é o caso de Alexandre Magno, já encomendaram a sua fantasia e não veem a hora de cair na folia.

Para os que não puderem participar da folia na rua, haverá também festa na área de recreação da instituição dando a todos a oportunidade de brincar o carnaval.





quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Hospital inicia instalação de Sistema de Hidrantes


Em mais um investimento em sua infraestrutura, o Hospital Severino Lopes deu início no mês de fevereiro a implantação de Sistema de Hidrantes. 

O sistema de hidrantes prediais é recomendado para a proteção manual contra incêndios nas edificações verticais. Os hidrantes são considerados um sistema fixo de combate a incêndio, funcionando sob comando que libera jatos de água sobre o foco de incêndio. Esse jato de água possui uma vazão calculada e compatível ao risco do local visando proteger, controlar ou extinguir o foco de incêndio no seu estágio inicial, protegendo não só a integridade física da instituição, mas a vida das pessoas que circulam no ambiente.


Outra ação, que visa também uma maior proteção, acontecerá nessa segunda-feira com o início do treinamento dos funcionários para a formação de uma brigada de incêndio institucional.

Confira abaixo, algumas imagens das instalações nos setores Masculino II III e IV:









Tragédia desnecessária - FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 16/02

Hoje, muitas clínicas psiquiátricas possuem campos de esporte e salas de leitura e de jogos


A morte de Eduardo Coutinho chocou o país e particularmente os seus amigos. Morrer assassinado era a última coisa que alguém poderia prever que ocorresse com ele. Por isso mesmo, ao chegar em casa e ver seu rosto na televisão, me detive pensando que se tratava de alguma notícia relacionada com sua atividade de cineasta. Não era, logo ouvi o locutor dizer que ele havia morrido, e fiquei surpreso. E logo acrescentou que havia sido morto por seu filho Daniel, de 41 anos.

Não dava para acreditar naquilo, era absurdo demais. Não obstante, aos poucos, aquele quadro trágico ia se completando e ganhando realidade. O filho era doente mental e consumia drogas. Matara o pai a facadas e tentara fazer o mesmo com a mãe; em seguida, esfaqueou-se a si mesmo, mas não morreu.

Teria declarado a um vizinho que fizera aquilo para libertar os pais e a si mesmo. Sem dúvida, é preciso estar louco e surtado para pensar e agir dessa maneira. Depois de saber essas coisas, não restava dúvida: Daniel agira tomado por um surto esquizofrênico.

Não sabia que Eduardo Coutinho tinha um filho com esse problema. Segundo ouvir dizer, parece que ele não admitia que o filho fosse doente mental e, se isso for verdade, certamente evitava tratá-lo com tal. Pode não ser verdade mas, se for, não seria o único caso de uma família não admitir que algum de seus membros seja louco. Conheci uma família que manteve trancado num quarto, por mais de uma década, um filho com problemas psíquicos.

Esse tipo de comportamento decorre quase sempre de uma visão preconceituosa da doença mental, como se sua incidência na família fosse uma espécie de maldição. Era assim no passado. Hoje, no entanto, são pessoas avançadas que negam a existência da doença mental. Segundo elas, trata-se apenas de um relacionamento diferente com o mundo real. Admitir que alguém é louco seria nada mais nada menos que um preconceito.

Certamente, quem pensa assim nunca viveu de fato o problema. Como pega bem mostrar-se avançado, aberto, antirrepressivo, muita gente não apenas nega que a loucura seja doença como, coerentemente, se opõe à internação nos chamados "manicômios". Criaram até um movimento que se intitula "antimanicomial", que visa, de fato, acabar com as clínicas psiquiátricas, uma vez que o que se chama de manicômio não existe mais.

É verdade que, no passado, a internação nesses hospitais implicava em agressão física e choques elétricos, mas não por simples crueldade e, sim, pelo desconhecimento das causas da doença e de medicamentos apropriados.

Com a descoberta dos remédios neuroléticos, os hospitais psiquiátricos mudaram radicalmente. Hoje, muitas dessas clínicas possuem campos de esporte e salas de leitura e de jogos. Já não lembram em nada os hospícios de antigamente, que mais pareciam prisões.

Os adeptos da nova psiquiatria fazem por ignorar essa mudança para justificar sua tese contra a internação. Essa tese surgiu em Bolonha, onde foi implantada com resultados desastrosos: os doentes pobres terminavam nas ruas como mendigos.

Isso já começa a acontecer no Brasil que, tendo adotado a tal nova psiquiatria, levou à extinção de mais de 30 mil leitos em hospitais públicos. Quem tem recursos interna seus doentes em clínicas particulares, enquanto os doentes pobres morrem na rua. E isso é obra de um governo que diz trabalhar em favor dos necessitados.

Tive oportunidade de conversar com pessoas que se opõem à internação de doentes mentais e me dei conta de que nada sabem da doença e aceitam a nova psiquiatria por acreditarem que favorece aos doentes. Na verdade, a internação só tem cabimento quando o doente entra em surto e consequentemente torna-se um perigo para si mesmo e para os outros. Foi o que aconteceu no caso de Eduardo Coutinho.

Desconheço a situação por que passava sua família naquele momento, mas não resta dúvida de que o filho Daniel, que é esquizofrênico, entrou em surto. Não sei por que os pais não solicitaram atendimento médico para interná-lo, mas não tenho dúvida de que, se o tivessem feito, aquela tragédia dificilmente teria ocorrido.

Espero que esse exemplo terrível leve as pessoas refletirem melhor sobre essa questão.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Inclusão social: Usuários do Hospital Severino Lopes participam do 3º MPBJAZZ

Leonardo Boff diz que para a transformação do mundo num lugar harmônico é preciso uma mudança de
mentes e corações. Essa transformação pode ser observada em pequenas ações do dia a dia através de gestos de aceitação, inclusão do diferente e rompimento de paradigmas. Esses gestos estiveram presentes em Natal quando, nos dias 30 e 31 de janeiro de 2014, os pacientes do Hospital Severino Lopes, com o apoio de pessoas de mentes e corações abertos, puderam assistir pela primeira vez um espetáculo de Jazz: o 3º MPBJAZZ promovido pela Green Point Produções,  no Teatro Riachuelo.
A expectativa era grande! Como os portadores de transtornos psiquiátricos reagiriam a três horas de espetáculo, em cada noite, de um ritmo musical com o qual não possuíam aproximação? A realidade superou as expectativas.
Logo o primeiro show da cantora Simona Talma, representante natalense do programa The Voice Brasil, mostrou como seria a participação do grupo do hospital: alguns mais eufóricos, outros mais compenetrados e todos muito felizes com a oportunidade.

A produção no primeiro dia nos disponibilizou um espaço privilegiado bem próximo ao palco, logo nas primeiras poltronas. Foi possível uma interação com os artistas que estavam a uma curta distância do nosso grupo. Assim quando a cantora Potiguar pediu um voluntário da plateia quem rapidamente subiu? Alexandre
Magno, conhecido como Xuxa, que é sempre bem participativo nos eventos e festas do hospital. Lá estava ele no centro das atenções. Confesso, ficamos ansiosos com a sua participação. Como iria se portar? Mas ele entrou no personagem, ficou sério ignorando a cantora, conforme a melodia pedia, e ao final cumprimentou o público e voltou ao seu lugar saindo-se muito bem em sua participação especial.

Após o show de Simona, o intervalo veio embalado pelo Jazz da banda Bossa & Jazz Street Band que tocou dentro do teatro num estilo empolgante como imagino sejam o das ruas de Nova Orelans.

Em seguida foi a vez do show com artistas vindos diretamente da capital do Jazz dos EUA a banda The Ella Louis Tribute Band se apresentou com Eileina Dennis e Leon "Kid Chocolate" Brown. Nesse momento foi difícil conter a empolgação. Houve até quem quisesse dialogar com os artistas falando em inglês durante o show. Mas ao final tudo certo. E o que ficou nos corações foi o som de primeira
qualidade e a expectativa para o dia seguinte onde um novo grupo da instituição viria dando oportunidade a todos.

No segundo dia a abertura já mostrava que a capital do RN possui grandes talentos e que a noite seria belíssima: Duo Taufic impressionaram no show instrumental com clássicos da música brasileira e belas canções autorais.

Mas a noite reservava ainda mais surpresas como show contagiante da cantora Aurora Neadland que arrebatou a todos com a sua bela voz e performance instrumental. "Incrível, demais, bis" era alguns dos comentários dos pacientes presentes. Ao interpretar então "Ne Me Quitte Pas" grande sucesso musical da França os elogios só aumentaram "que voz abençoada"! Para encerrar a noite em alto estilo Germaine Bazzie brindou a todos com um apresentação primorosa.

Enfim tudo da mais alta qualidade e muito bem recebido, especialmente, por uns mais entusiasmados de
nossa turma que acompanhavam as melodias nas batidas das mãos e no batuque da garrafa de água mineral.

A cada show que participamos vai ficando um aprendizado. Não nos encaixamos em rótulos. Estamos abertos ao novo e o novo pode nos surpreender positivamente. O sair do hospital, mudar o ambiente, colocar sua mente em uma sintonia positiva, o contato com o semelhante é sem dúvida terapêutico.

Que venham mais oportunidades. E como não podíamos deixar de fazer finalizamos agradecendo mais uma vez ao gentil convite, com acesso gratuito e apoio no transporte, a Green Point Produção, especialmente a Mônica Mac Dowell e ao Cláudio com os quais tivemos um contato mais direto.

Acompanhe a seguir mais imagens do evento:















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