A IV Caminhada Pravida foi realizada na avenida Beira Mar. O evento fez menção ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro) |
Quando os dias perdem as cores, quando sorrir já não faz mais tanto sentido, quando o quarto torna-se o escape mais opressor da realidade, é preciso que a ajuda chegue. E rápido. Perder o gosto pela vida leva ao suicídio seis em cada 100 mil habitantes no Brasil. “São mortes que podem ser evitadas”, adverte o médico psiquiatra Fábio Gomes de Matos.
A IV Caminhada Pravida levou, aos que passavam ontem na avenida Beira Mar, a mensagem de que a prevenção do suicídio sempre é possível, se, diante do desespero interior do outro, for dispensada atenção médica e ambulatorial, além do olhar atento dos familiares. O evento foi realizado pelo Projeto de Apoio à Vida (Pravida), atividade da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Faz também menção ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
A solidão, conforme aponta o médico, é o que mais motiva o desejo de morrer. Ela parte de cinco diagnósticos verificados em 98% dos casos: depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, abuso de substâncias e transtorno de personalidade Borderline. “Todos tratáveis. Não devemos desprezar quando as pessoas falam em morrer”, alerta Fábio.
O primeiro passo, aconselha o psiquiatra, é a prevenção, encaminhando as pessoas para orientação médica. “Não se pode deixar que a pessoa chegue na depressão grave”. A segunda providência é o tratamento intenso, ambulatorial e psiquiátrico. O suicídio acontece quando há a ausência dessas atitudes ou o cuidado tardio com o doente. “Acompanhar muito bem as pessoas que tendem ao isolamento é fundamental”, reforça o médico.
Faltam leitos
A rede de assistência ao doente mental, no estado, ainda é muito falha, segundo o médico Wagner Gurgel. A única emergência psiquiátrica “com médicos 24 horas” está no Hospital Mental de Messejana. “Faltam leitos. Na atenção básica, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), não dão conta da demanda e não possuem uma ligação devida com a rede terciária. No interior, o problema é muito pior”, denuncia.
O médico, que trabalha em Ibaretama, próximo a Quixadá, busca especializar-se em psiquiatria. Ele diz que a área passa por uma crise até mesmo em relação ao interesse dos recém-formados em medicina. “Há preconceito entre os próprios médicos, têm-se medo dos pacientes. E é preciso vocação para seguir. As condições de trabalho não ajudam”, relata.
Serviço
Reuniões no Pravida
Unidade de Saúde Mental,no Hospital Universitário (rua Capitão Francisco Pedro, 1290, Rodolfo Teófilo), às quintas-feiras, às 14 horas. Blog: http://migre.me/g03WJ
Saiba mais
Em 12 anos, Fortaleza saltou da 18ª para a 4ª capital com maior número de suicídios. De acordo com o médico psiquiatra Fávio Gomes, as estruturas de lazer de Fortaleza não acompanharam o crescimento da cidade. “As boas praças ou estão dentro dos condomínios ou afastam os frequentadores pela marginalidade”.
No Instituto Doutor José Frota (IJF), segundo Fábio, pelo menos quatro pessoas por dia dão entrada no hospital por tentativa de suicídio. Ele revela que os casos de mortes por essa natureza são subnotificados por entrarem nas causas quedas, intoxicações e acidentes de trânsito.
Fonte: O Povo Online
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