quinta-feira, 18 de abril de 2013

Usuário do Hospital Severino Lopes cultiva plantas como terapia

Nos últimos meses, o Hospital Severino Lopes vem recebendo novas residentes muito bem-vindas. São
vasos com plantas que vem enfeitando os ambientes dando uma sensação de paz e harmonia. Essas plantas foram presenteadas pelo paciente Benevolo que tem realizado o  cultivo como terapia.

A psicóloga Sandra Uchoa  relata que quando Benevolo chegou ao Hospital estava com o pensamento desorganizado devido ao uso crônico de bebida alcoólica e logo após a sua chegada começou a aderir aos trabalhos da Terapia Ocupacional. "Começou com as colagens desenvolvendo a sua criatividade. Ele descobriu nesse ambiente um mundo novo, bonito, das artes plásticas e começou com isso a melhorar da sua enfermidade. A partir daí ele reorganizou seu pensamento através da imaginação e da concentração nessas atividades, começou
refletir e seus pensamentos mudaram, consequentemente, começou a se sentir melhor.", contou Uchoa.

 O próprio Benóvolo narra um pouco da sua história: "Quando estou trabalhando com as artes me
transporto para um mundo criativo e da imaginação. Vou criando coisas diferentes, que saem da linha reta. Descobri uma criatividade que não sabia que tinha. Hoje vejo uma pessoa passando pelo rua em direção a um bar e sinto que não faço mais parte disso. Faço parte de outro mundo, eu já mudei. Depois de 13 anos, época da morte da minha mãe, foi o primeiro tratamento que deu resultado. Antes ficava 2, 3 no máximo 10 dias longe da bebida e depois que estou aqui já estou completando um ano. Aqui foi o meu porto seguro, tanto com relação às pessoas, quanto em relação as atividades".

Já o gosto pela jardinagem como terapia iniciou quando a equipe interdisciplinar, com a participação do médico, decidiu junto com Benóvolo, a apoiá-lo para que ele começasse a dar umas voltas pelo bairro, para caminhar e ter um contato maior com o mundo lá fora.  A partir daí começou a sair e trazer plantas para o Hospital. Começou a plantar mudas e a produzir os vasos. 

A psicóloga destaca que para conseguir as mudas Benévolo começou a interagir com as pessoas. "Ele via um jardim bonito durante as suas caminhadas e já contactava o proprietário. Será que você pode me fornecer uma muda dessa planta? A partir daí iniciavam boas conversas. Voltava para o hospital e ia produzir os vasos." 

O próximo passo foi o compartilhamento das mudas com a comunidade do hospital. Ele dou para cada setor do hospital uma mudinha de planta: medicina, psicologia, serviço social, admissão, terapia ocupacional ganharam o seu jarro de muda. Além disso, em frente a Terapia Ocupacional ele construiu um pequeno jardim.

Sandra Uchoa relata que houve uma evolução: primeiro ele estava introspectivo, depois passou a se interagir com a comunidade lá fora e se sentido melhor passou a se integrar mais com a comunidade dentro do hospital distribuindo um pouco dele com essas plantas. 

Atualmente Benóvlo já recebeu a alta hospitalar, mas deixou no Hospital as plantas que contribuem com a humanização do meio ambiente e são um bálsamo para a alma.






Jardins Terapêuticos

Os jardins sempre foram um espaço de bálsamo para a alma. É impossível não se acalmar diante do visual das plantas, do aroma das flores. Agora, essas características começam a ser usadas em favor de pessoas doentes ou das que apenas estão em busca de um momento tranquilo. 

Nos Estados Unidos e na Europa, cresce a tendência de criação dos chamados jardins terapêuticos. Eles são construídos ao ar livre ou em átrios, em solários dos hospitais e em locais públicos, para serem frequentados pela população em geral.

Combinados com o canto dos pássaros e o barulho da água corrente, despertam a visão, a audição e o olfato, provocando o que os especialistas chamam de distração positiva. A idéia de criação dessas áreas surgiu da observação de que a saúde física e mental é influenciada por aspectos do ambiente físico, como sua luz natural, espaço ou som. 

A combinação equilibrada de terapias farmacológicas, comportamentais e ambientais é eficaz para melhorar a saúde dos doentes e idosos. 

A implantação de espaços verdes em hospitais humaniza um ambiente geralmente associado à frieza, esterilidade, e até mesmo hostilidade em relação aos pacientes. 

Jardins são bastante úteis no tratamento de crianças temporariamente incapacitadas por acidente, cirurgia, trauma psicológico ou ainda aquelas com deficiência mental, sensorial e física. 

O contato direto com a natureza é capaz de ajudar na recuperação de doenças, estimulando a vontade de a pessoa viver e lutar. Chamada de Garden Therapy, ou Hortoterapia, uma eficaz coadjuvante dos tratamentos convencionais. A técnica combina cultura de plantas e jardinagem ativa e passiva (contemplação). A hortoterapia tem sido utilizada em institutos correcionais, nos casos de dependência química ou alimentar, fisioterapias, doenças mentais, no tratamento de idosos e doentes senis, bem como entre crianças com necessidades especiais ou não. 

Para os mais velhos, a jardinagem possui um efeito extraordinário, pois estimula a ação e exercita a coordenação mão-olhos, melhora a capacidade motora fina, ajudando na abstração do pensamento obsessivo da perda de forças e da saúde. O resultado é que eles se sentem não só úteis e produtivos, mas menos tristes e solitários. 

Nas doenças crônicas, degenerativas ou invalidantes. Quando a resposta aos remédios é insatisfatória, a terapia torna a vida mais agradável: mesmo que o doente não se cure, ele se sentirá melhor, mais relaxado. 

A terapia pode ter também ação preventiva porque atividades ao ar livre pressupõe uso dos músculos e cérebro, exposição aos benefícios do sol e ar puro. Assim, é uma boa alternativa contra as doenças típicas da cidade: Obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, osteoporose e câncer. 

Muitas vezes, uma pessoa adoece porque se sente insatisfeita com a própria vida e deseja encontrar uma cura milagrosa, rápida e eficaz que não existe. Sem esforço e trabalho, busca a cura milagrosa, rápida e eficaz que não existe. Sem esforço e trabalho constantes não se chega a lugar algum. Todos nós precisamos nos ocupar da nossa recuperação, pois a equação terapia=remédio nem sempre se mostra tão válida, uma pequena mudança na paisagem faz bem, não só para a alma mas para o bolso e para o meio ambiente também. 




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