Pacientes do Hospital Severino Lopes e a Associação dos Amigos e Familiares dos Doentes Mentais Afdm, juntamente com familiares e o Sindsaúde, foram às ruas nesta manhã numa caminhada até a Praça Augusto Leite lembrando a importância da sociedade refletir sobre a atual realidade vivenciada nos serviços de saúde pelos portadores de transtornos mentais e seus direitos a uma saúde de qualidade e à inclusão social. A caminhada foi idealizada em comemoração ao dia Mundial da Saúde Mental instituído pela ONU no dia 10 de outubro.
Para Luciene Freire, presidente da AFDM-RN, a caminhada é um momento de chamar a atenção dos gestores e da sociedade para a problemática que hoje vivenciam os portadores de transtornos mentais e dependentes químicos, com problemas de infraestrutura no Pronto Socorro do Hospital Dr. João Machado com leitos chão, falta de vagas nos serviços extra hospitalares, falta de ambulatórios de psiquiatria, falta de medicamentos, consultas especializadas e psiquiatras na rede. “Mostramos que somos capazes de vir às ruas e reivindicar nossos direitos à uma saúde de digna e de qualidade. É preciso mudar essa realidade de falta de assistência e cuidado humanizado aos doentes mentais em nosso Estado”, reivindica a presidente da AFDM.
Para Paulo Martins coordenador do Sindsaúde a caminhada demonstra que é possível fazer mais atividades de saúde mental voltadas para esses pacientes que representam uma parcela esquecida pelos gestores e sociedade. “Hoje há um desmonte dos serviços em saúde mental com fechamento de ambulatórios e diminuição dos investimentos públicos nessa área, gerando um atendimento precário.”, alerta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 450 milhões de pessoas são atualmente afetadas por desordens mentais e neurológicas, sendo que milhões nunca buscarão ou receberão tratamento.Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria os transtornos mentais são reais, diagnosticáveis, comuns e universais. Se não tratados, podem produzir sofrimento e graves limitações nos indivíduos, além de perdas econômicas e sociais. Prevenção e tratamento são possíveis, mas muitas pessoas não são corretamente tratadas. Uma política nacional bem definida e programas de promoção de saúde mental e controle dos referidos transtornos são soluções plausíveis e eficazes para a população. Em inúmeras regiões do Brasil, já não são mais as doenças infecciosas os maiores problemas sanitários. As doenças crônico-degenerativas e as mentais representam o maior fardo social e econômico, segundo estudos da OMS.
A manifestação foi bastante animada e o hospital Severino Lopes já se prepara para no fim de outubro promover uma Semana de Saúde Mental, com palestras, rodas de conversa e apresentação teatral no Parque das Dunas para discutir e apontar soluções para a prevenção e o tratamento adequado em saúde mental.
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