quarta-feira, 26 de março de 2014

Prisão de Nova York luta contra aumento da violência e doenças mentais

Michael Schwirtz - NYT
Damon Winter/NYT




A prisão de Rikers, em Nova York, sofre com a violência de diversas gangues e de guardas correcionais 

A prisão de Rikers, em Nova York, sofre com a violência de diversas gangues e de guardas correcionais

Com uma seca precisão burocrática, os relatórios diários de incidentes em Rikers Island são uma crônica da violência e da desordem que proliferam dentro do grande complexo prisional da cidade de Nova York.


Desde a noite de Ano Novo, de acordo com relatórios internos, pelo menos 12 detentos foram cortados ou esfaqueados, oito deles no rosto ou pescoço. Presos e oficiais de correção sofreram lacerações, concussões, tímpanos furados, e fraturas no nariz, olhos, queixos e quadris. Em uma briga recente, um pedaço da orelha de um preso foi arrancado a mordidas, de acordo com relatórios confidenciais que foram obtidos pelo The New York Times.

Desde os motins de gangues nos anos 80 e início dos 90 a violência em Rikers Island não alarmava tanto os oficiais de supervisão, líderes sindicais e defensores dos presos. Ao longo da última década, o uso da força por funcionários de correção aumentou quase 240%, mesmo enquanto a população diária diminuiu quase 15% durante o mesmo período, de acordo com dados do Departamento de Correção da prefeitura, obtidos por meio da Lei de Liberdade de Informação.

A confusão dentro das prisões da cidade chama a atenção principalmente por causa do declínio histórico nas taxas de homicídio e outros crimes violentos fora delas. No centro do aumento da violência está uma população de detentos que mudou significativamente nos últimos anos e sob vários aspectos ficou mais volátil.

Em particular, os oficiais de correção têm tido dificuldades com uma concentração cada vez maior de presos doentes mentais que, segundo os especialistas, costumam responder de forma desafiadora ou errática às medidas disciplinares duras, de tolerância zero, empregadas com sucesso no passado.

Embora as condições hoje estejam bem longe da quase-anarquia de 20 anos atrás, as ferramentas usadas para controlar essa era de violência podem agora ser em parte responsáveis por criar mais desordem.

Relatos de abuso


Em entrevistas, presos e ex-presos descreveram abusos arbitrários e injustificados por parte de outros detentos e oficiais de correção.

Robert Hinton, que toma remédio para agressão e paranoia, disse que ele e outro prisioneiro de Rikers foram atacados violentamente por oficiais de correção. "Fui algemado, eles nos chutaram, socaram, jogaram lixo em nós, e jogou spray paralisante em mim - tudo ao mesmo tempo", disse Hinton em uma entrevista.

Em outro confronto, disse Hinton, ele apanhou de pelo menos 10 oficiais de correção em abril de 2012 depois de se recusar a sair de sua cela. Ele sofreu uma fratura no nariz e em uma vértebra e disse que foi asfixiado até desmaiar. Um dos oficiais disse a ele: "É hoje que você vai morrer", relatou Hinton.

Hinton, 26, que está processando o município por causa da briga, foi levado de volta a Rilkers na semana passada por violar sua condicional. Um porta-voz do Departamento de Correção disse que a agência não comentaria o processo de Hinton porque é um processo em andamento.

Outro preso, Rodney Brye, 40, foi inocentado depois de passar quase quatro anos em Rikers Island por uma acusação de porte de arma. Ele saiu em 2012 com duas vértebras fundidas e uma placa em seu pescoço e agora anda com uma bengala como resultado de uma surra dos oficiais de correção, segundo ele. Ele também está processando o município. "Eles te batem com qualquer coisa; batem até com um rádio", disse ele. "Você pode tirar a vida de alguém dessa forma, e eles fazem isso com frequência."

Norman Seabrook, presidente da Associação Benevolente de Oficiais de Correção, disse que os funcionários estavam assustados com uma população de presos difícil e normalmente violenta. Os oficiais são alvos de socos e chutes rotineiramente, e às vezes obrigados a tomar urina e fezes, disse Seabrook. Este mês, um oficial teve o rosto perfurado por uma caneta.

A violência vem crescendo lentamente por trás dos muros e cercas de arame farpado de Rikers Island, obscurecida por outras prioridades do município.

O prefeito Bill de Blasio, que assumiu o governo em janeiro prometendo coibir os abusos no Departamento de Polícia e promover uma reforma na educação, falou pouco sobre as prisões, embora tenha reconhecido a necessidade de mudanças. Na semana passada, ele nomeou Joseph Ponte, um oficial de correção de longa data conhecido por reformar prisões e cadeias violentas por todo o país, para chefiar o Departamento de Correção.

Ao apresentar Ponte, o prefeito disse que o departamento tinha "infelizmente ficado para trás de outros sistemas correcionais em termos de atualizar suas práticas e procedimentos."
A situação em Rikers Island espelha uma "epidemia de violência" nas grandes prisões municipais por todo o país, disse o Dr. James Gilligan, professor de psiquiatria e coautor de um relatório de 2013 que revelou que o tratamento de presos doentes mentais em Rikers Island violava as normas municipais de saúde mental.
Ele disse que uma confiança excessiva no confinamento solitário e na força em Rikers Island e em outros lugares perpetuavam a violência entre os presos, particularmente entre os doentes mentais, que lotaram as instituições correcionais do país com o fechamento de hospitais psiquiátricos e outras instituições.
"Uma prisão como Rikers Island tem uma subcultura de violência", disse Gilligan. Numa visita recente a uma unidade de confinamento solitário juvenil em Rikers, ele disse: "Vimos jovens que tinham apanhado até ficar em carne viva."

Um jovem preso, disse Gilligan, havia sido algemado pelos oficiais de correção, que então bateram a cabeça dele contra o chão. O preso, disse ele, tinha uma concussão e havia perdido um dente, e estava vomitando e urinando sangue. O preso foi levado para a unidade médica para tratamento, disse ele.

Um grupo vulnerável


Com 10 prisões abrigando uma população média diária de quase 12 mil detentos, Rikers Island - na ilha de mesmo nome em East River, próxima ao aeroporto La Guardia - é um dos maiores complexos prisionais do país. Embora seja principalmente um centro pré-julgamento, ela abriga alguns presos condenados.

Lá dentro, a tensão é crítica. Gangues rivais - os Crips, os Bloods, os Latin Kings e os Trinitarios - disputam poder e derramam sangue como numa guerra de tronos carcerária. Brigas violentas emergem por causa do telefone ou do canal da televisão, dizem presos e oficiais de correção. Os oficiais, usando coletes e armados com spray de pimenta e cassetetes, recorrem à força com frequência e, segundo os críticos, com excesso.

Nesse ambiente, presos doentes mentais são particularmente vulneráveis, dizem os especialistas. A proporção de prisioneiros com doenças mentais diagnosticadas cresceu de 20% para 40% ao longo dos últimos oito anos, de acordo com o Departamento de Correção. Esses presos são responsáveis por dois terços das infrações nas prisões municipais, diz o departamento.

A monotonia, o isolamento e a agressão de oficiais e presos podem piorar as doenças mentais, fazendo com que os detentos ataquem, diz o Dr. Bandy X. Lee, professor de psiquiatria da Universidade Yale que é especializado em violência em prisões e cadeias.

"Neste momento, as prisões e cadeias estão se debatendo com uma população com a qual não estão preparadas para lidar", disse Lee. "Não é tanto culpa do sistema correcional. Eles simplesmente não estão equipados e não têm conseguido se adaptar com a rapidez necessária."

Presos que recebem tratamento para doenças mentais costumam pedir uma "visita por ferimento" cinco vezes mais à clínica da prisão depois de uma briga violenta com oficiais ou outros presos, de acordo com um estudo de 2012 do departamento de saúde do município. Eles também ficam na prisão muito mais tempo do que aqueles que não apresentam doenças mentais e têm chances maiores de reincidência.

Shateek Bilal, 40, que sofre de esquizofrenia paranoica, já passou por Rikers Island várias vezes desde 1991, principalmente por crimes envolvendo drogas e violações de condicional. No ano passado, ele cumpriu três períodos em custódia, dois em Rikers e um no Complexo de Detenção de Manhattan, outra prisão municipal, por um total de sete meses. Ele foi solto em 12 de dezembro e agora vive com sua irmã.

O tempo na prisão "exacerbou minha doença mental, me deixou paranoico, e mais propenso a não tomar a medicação", disse ele.

Tradutor: Eloise De Vylder 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Hospital Severino Lopes promove Semana da Mulher

De 17 a 21 de março o Hospital Severino Lopes estará realizando a "Semana da Mulher 2014". A iniciativa conta com uma série de atividades especiais voltadas para o público feminino interno da instituição. Um dos destaques é a palestra "Mulheres e seus direitos", ministrada pela delegada Karen Cristina da Delegacia da Mulher, que será realizada na quinta-feira (20/03), às 14h, no auditório da instituição.

Nesta segunda-feira(17/03) as atividades se iniciam com a exibição de um filme abordando a temática da mulher, havendo debate depois com a coordenação do setor de psicologia.
Na Terça-feira(18/03) um dos temas essenciais para a qualidade de vida da mulher, "Alimentação Saudável e qualidade de Vida",  será abordado pelo setor de nutrição e psicologia que é.

A promoção de oficina de artes e pensamentos sobre a "Mulher e seus Papéis" será promovida na quarta-feira (19/03), em uma iniciativa conjunta do setor de terapia ocupacional e psicologia. 

Encerrando as atividades da Semana, no dia 21/03, está previsto a realização de uma oficina de sucos funcionais promovida pelo setor de nutrição e um sarau de poesias com o poeta Ruy Rocha.



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